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Abel Santos: “Deveria ter sido mais vezes debatido que Guetim estava a ser esquecido”

  • Foto do escritor: André Vieira Almeida
    André Vieira Almeida
  • 1 de mar.
  • 5 min de leitura

Numa altura em que a representação guetinense tem diminuído, Abel Santos tem sido uma das poucas vozes de Guetim na Assembleia Municipal. O vogal do PSD esteve à conversa com o NG sobre o seu primeiro mandato como efetivo nesse órgão e os problemas que a freguesia tem enfrentado.

Constatámos que ao longo da última década houve uma diminuição de eleitos residentes em Guetim na Assembleia Municipal. Como é que explica esse fenómeno?


Há um afastamento da política por parte das pessoas, não só em Guetim, mas a nível municipal e nacional. Isto resulta das ideias passadas por movimentos mais populistas, de que os políticos só estão há procura de ‘tachos’ e elevadores sociais, que afastam as pessoas que não querem estar expostas a este apontar de dedos. Em Guetim, a questão da agregação levou algumas pessoas a afastarem-se por sentirem uma injustiça muito grande, mas também a dimensão da freguesia e o facto de não existir muita gente a participar na política e no desenvolvimento de outras atividades.

 

Na última década vimos os temas sobre Guetim na Assembleia Municipal a serem reduzidos muitas vezes à desagregação de freguesias. Sente que essa luta pode ter desviado o foco de outros problemas da freguesia?


Na minha opinião, houve um aproveitamento político do tema, apontando o dedo ao PSD como o responsável pela agregação, mas não podemos esquecer que esta surge após uma intervenção externa, com uma série de medidas duras para os portugueses. Durante muitos anos esse foi o tema principal da discussão. A mensagem que se passou foi que Anta agregou Guetim, o que não é verdade, porque as duas freguesias foram extintas. Passámos horas a discutir isto na Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia e, no fundo, sem resultado nenhum. Com a junção de uma freguesia grande a uma mais pequena, vimos que a segunda saiu mais prejudicada. Vemos isso em vários temas. O território é muito extenso, como o Presidente da Junta já reconheceu. Deveria ter sido mais vezes debatido e denunciado que Guetim estava a ser esquecido.


"Como guetinense, olhando para coisas que são feitas a nível municipal, pergunto se será mais interessante vir um artista ao concelho ou ter melhores condições para o dia a dia?" - Abel Santos

 

Com a desagregação de freguesias aprovada e a avançar em 2025, considera que será possível aumentar o peso político de Guetim?


Não tenho muitas dúvidas de que sim. Vamos seguramente ter uma voz assertiva onde é necessário, revindicando que o território necessita das mesmas oportunidades. Tanto se fala da coesão territorial, até na questão do IMI, mas é necessário tornar isso mais efetivo. Em relação ao peso político, é importante termos gente de Guetim nas instituições porque as pessoas de Guetim são diferentes das de Anta, a nível cultural, histórico, etc. Por isso acredito que Guetim sendo autónomo vai ter mais força, mais voz e capacidade de exigir a concretização das suas revindicações.

 

Com uma freguesia de Guetim independente, sente que poderá haver dificuldades em constituir os órgãos institucionais, dado a falta de uma base sólida de políticos guetinenses?


É uma pergunta bastante pertinente. O processo de agregação veio criar várias divisões entre as forças políticas que mais representação tinham em Guetim. Honestamente, não é tanto isso que me preocupa. Acho que o mais importante é que, independentemente do partido A ou do partido B, se encontre uma solução forte. Neste momento que vivemos é importante as pessoas terem a vontade de querer fazer algo, tendo em conta que vão surgir grandes desafios, como a negociação do orçamento, e junto das entidades do município, revindicar o que Guetim não teve até hoje.


A Rua dos Combatentes tem sido várias vezes apresentada como exemplo de via a ser requalificada, mas isso nunca se concretizou. Em Grijó a rua já foi renovada.
A Rua dos Combatentes tem sido várias vezes apresentada como exemplo de via a ser requalificada, mas isso nunca se concretizou. Em Grijó a rua já foi renovada.

Ao longo deste mandato na Assembleia Municipal tem sido bastante interventivo no que diz respeito à requalificação da Rua dos Combatentes, mas grande parte das vezes sem obter resposta. Sente que o problema não tem a devida atenção por causa da dimensão de Guetim?


Este é o primeiro mandato em que estou efetivo na Assembleia Municipal e logo numa das minhas primeiras intervenções, ainda com o Presidente Miguel Reis, alertei que era necessário olhar para a Rua dos Combatentes. Na altura tive uma resposta genérica, de que estava a ser pensada uma intervenção na rede viária municipal, onde se incluía Guetim. Passados dois anos, em setembro de 2023, apresentámos uma recomendação alertando para o estado lastimoso em que a rua se encontrava e propondo que se reconhecesse a importância da reparação desta via. O executivo respondeu que sabia do seu mau estado, mas teria de ser feito um estudo pois na Rua da Idanha, junto ao Bairro da Ponte d’Anta, passaria um tubo de gás e um cabo elétrico. Isto desanima logo qualquer intervenção, porque estávamos a falar da Rua dos Combatentes. Não querendo discriminar outro território, estávamos a falar especificamente de Guetim. Há uma grande tentação de dizer “essa rua está assim, mas a outra também está”. Se olharmos nessa perspetiva, deve-se também comparar como está Guetim e como está Paramos, Silvalde, etc. A recomendação foi aprovada por unanimidade, mas nada aconteceu. Agora nesta quinta sessão da Assembleia Municipal apresentei uma nova recomendação, em tudo igual à outra, mas a referir que passou um ano sem que nada fosse feito. Como guetinense, olhando para coisas que são feitas a nível municipal, pergunto se será mais interessante vir um artista ao concelho ou ter melhores condições para o dia a dia?


"Acho que Guetim estará mais forte com uma representação de Guetim e não Anta e Guetim" - Abel Santos

 

Um dos problemas de Guetim que teve destaque neste mandato foi a questão da passagem da Linha de Alta Velocidade. Apesar de já se saber desde 2021 a intenção do governo revisitar o projeto que passaria por Guetim, só após se despoletar o alarme social é que o tema teve destaque na política municipal. Por que razão isso aconteceu?


Em março de 2023, na informação escrita da Presidente constava uma reunião com a Infraestruturas de Portugal (IP), eu fiz uma pergunta sobre o que daí tinha resultado, porque na altura sabia-se que os traçados da linha passavam em Guetim, mas não muito mais do que isso. Não obtive resposta, quando a maioria dos municípios já tinha falado com a população. É uma falta de respeito não as informar as pessoas, sabendo que este assunto mexia com a vida delas. Deveria haver o bom senso de transmitir algum sossego e esperança. Só quando houve todo aquele burburinho é que se deu esse esclarecimento na Assembleia Municipal. Independentemente de sabermos que vai passar em Guetim, teria sido importante haver um debate, até para defesa do município.

 

Fala-se da possibilidade de o traçado passar mais a nascente, em zonas de floresta de Grijó e Nogueira da Regedoura. Não ter conseguido negociar isso com a IP pode revelar a pouca força de Espinho em relação a Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira?


Isso é notório. Espinho tem estado permanentemente na cauda da região. No que diz respeito à ação do município em Guetim, isto dói, pois as pessoas percebem que no dia a dia não acontece nada. Para o município existe o centro da cidade e quem berra mais alto, que consegue ir buscar mais alguma coisa. A delegação de competências já é injusta para Guetim, mas também a questão do mobiliário urbano, que foi discutida na última Assembleia Municipal. O município adjudicou um concurso para Espinho, Silvalde e Paramos. Para Anta e Guetim nada. Nós temos o Parque do Paranho, o largo da Igreja. Qual é a justificação para isso? Acho que Guetim estará mais forte com uma representação de Guetim e não Anta e Guetim.

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