Alfredo Rocha: "A Câmara tem de se mentalizar de que o concelho não é só o centro urbano da cidade"
- Notícias Guetim
- 11 de out.
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Com 72 anos, Alfredo Rocha apresenta-se como candidato à Junta de Freguesia de Guetim com um propósito: continuar a lutar por uma freguesia viva, autónoma e participativa. A construção de um novo edifício sede da Junta, com auditório e espaço comunitário, é uma das prioridades do seu programa — “não porque a Junta queira um edifício novo, mas porque a freguesia precisa de um lugar próprio para reunir”.

Quem é o Alfredo?
Sou o Alfredo Rocha, tenho 72 anos, sou casado, pai de dois filhos. Nasci e sempre vivi em Guetim, com grande amor à terra que me viu nascer e onde sempre dediquei a minha vida - cultural, cívica, desportiva.
Guetim torna-se agora independente depois de uma luta de mais de uma década. Como viu estes últimos anos?
Foi uma luta feita não só por mim, mas por toda a comunidade guetinense. Com a agregação muitas pessoas perderam a vontade de lutar pela autonomia, porque davam a União de Freguesias como um facto consumado. Eu fui avivando essa vontade, participei em alguns fóruns, para Guetim voltar a ser independente. Notava junto dos fregueses que havia mágoa de termos perdido a autonomia.
Quais são as prioridades da sua candidatura para Guetim?
As prioridades são muitas, mas há algumas que consideramos prioritárias, pois queremos avançar com elas custe o que custar. A primeira seria a construção de um edifício sede da Junta. Não porque a Junta queira um edifício novo para ocupar, mas porque a freguesia está carenciada de um auditório em que possa reunir. Nós já temos o projeto, que já fez parte do Plano de Atividades da Câmara Municipal, já lutámos por ele há 40 anos. Quero pegar nesse projeto, que acho estar a par da realidade da freguesia, para que a gente não esteja sempre dependente da paróquia.
Guetim tem um grande potencial ao nível da natureza. O que acredita ser necessário fazer para garantir que este é aproveitado?
Diria que Guetim é uma freguesia privilegiada em termos naturais. Tem a sua malha urbana, mas também tem uma zona verde. Esse é um trabalho que não depende exclusivamente da freguesia, mas também do município. Precisamos de um apoio maciço da Câmara Municipal, pois temos o espaço, mas precisamos de condições mínimas para usufruir deles. Só juntos no mesmo sentido podemos dar essa qualidade de vida aos guetinenses, recuperar as zonas ribeirinhas. Era uma ambição minha criar um passadiço do limite de Grijó até Espinho.
O TGV está a ameaçar a integridade da freguesia novamente. Qual deve ser o papel da Junta neste processo?
O processo do TGV é um processo em que a Junta de Freguesia vai estar certamente empenhada, quem queira que esteja na Junta. No caso concreto de Guetim, saímos fortemente lesados, a nível da sua população, património, áreas verdes. Passa numa zona que para mim me dói na alma, que é o Parque da Picadela, porque foi com muito sacrifício que compramos esse terreno. Temos que remediar o mal. Temos de ver exatamente o que vai ser ocupado e, no que sobrar, temos que usar o dinheiro da expropriação para comprar ali um novo espaço. Quero também estar sempre ao lado das pessoas que vão ser afetadas, para elas sentirem o nosso apoio. Não tendo poder de decisão, temos a força moral de as ajudar e colaborar no que for preciso, para elas não se sentirem empurradas da freguesias. Muitas têm de sair de cá porque não têm disponibilidade financeira para comprar na freguesia
Sem pessoas não há freguesia e sem guetinenses não há comunidade. O que acha que deve ser feito para fixar os jovens em Guetim?
Faz também parte do meu plano de intenções. Temos neste momento em Guetim 4 casas pré-fabricadas em que a sua durabilidade era de 20 anos. Já vão em 40. Ela não têm condições de recuperação, têm ainda uma cobertura em amianto. A nossa intenção nesse espaço é construir um bloco de habitacional com 20 habitações, rés do chão e primeiro andar. Não é habitação social, é habitação a preços controlados para os casais jovens da freguesia, do concelho, assegurando naturalmente que quem lá vive terá também casa para viver.
A cultura é essencial para as pessoas terem orgulho em serem guetinenses. Como acha que a Junta pode incentivar isso?
Guetim é uma freguesia pequena, apesar de haver um grande bairrismo. Mas temos uma grande dificuldade. Faltam muitas vezes condições às coletividades, como espaços para desenvolver o seu trabalho. É preciso criar um espaço para elas. O atual edifício sede pode ser entregue às coletividades, caso seja feito um edifício novo.
Para uma Junta como a de Guetim é essencial haver o apoio da Câmara Municipal. Como acredita que deve ser essa relação e o que espera do município?
Eu, sinceramente, estou otimista. Estou convencido que vou ter uma boa relação seja com qualquer candidato que seja eleito. A atividade política faz-se no diálogo e conversando conseguimos resolver os problemas. Não podemos estar de costas voltadas com o município. O trabalho que for desenvolvido é um trabalho para o município em geral. A Câmara Municipal tem de se começar a mentalizar que o concelho não é só o centro urbano da cidade. Tem de fugir de lá e envolver as suas freguesias para que elas cresçam.
Como acredita que deverá ser a relação agora com Anta, bem como as freguesias vizinhas?
Penso que vivemos 12 anos com Anta. Há coisas que os fregueses não gostaram. Não foi tão negativo quanto muitas vezes se pensa. Houve sempre uma boa colaboração. Se Anta já lutava com dificuldades por ser a maior freguesia do concelho, depois, com a junção de Guetim, e com as mesmas verbas de antes, não podia fazer milagres, não podia fazer nada. Não havia grande margens para grandes projetos ou obras. Dava para gerir. Houve sempre o cuidado de manter o respeito pela autonomia das duas freguesias e, uma coisa muito boa, sempre se mostrou disponível e se empenhou na desagregação de freguesias.
Gostaria de deixar uma mensagem final para os guetinenses?
Deixo uma mensagem no sentido dos guetinenses estarem confiantes, mas também colaborantes, que se disponibilizem para cooperar com a Junta e coletividades. Só na colaboração conseguimos que as coisas avancem. Com empenho e dedicação somos capazes de ultrapassar os problemas e criar condições para que Guetim seja uma freguesia em que valha a pena viver. Apesar de termos uma boa qualidade de vida, mas acho que podemos melhorar. Somos pequenos, estamos afastados, mas estamos perto de tudo.






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