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Vítor Oliveira: “É fácil criticar quem se dedica ao futebol popular, mas na hora da verdade, ninguém aparece”

  • Tiago Sousa
  • 3 de mar.
  • 5 min de leitura

À frente da Associação Desportiva de Guetim FC, vogal na AFPCE e com vários anos dedicados ao futebol na freguesia, Vítor Oliveira recebeu o NG na sede do clube, onde nos falou dos desafios para uma época com um arranque agridoce e marcada pelo pontapé de saída tardio das competições.

Comecemos a entrevista por falar sobre a época passada. O Guetim teve bons resultados, tendo conseguido subir de divisão. Como é que foi vivida a subida de divisão pelo Guetim?


Com uma enorme alegria. De facto, um dos objetivos era a subida de divisão e esse objetivo foi conseguido com alguma naturalidade.


E para este ano, quais foram as principais mudanças que existiram a nível da equipa?


Acho que uma das vantagens que nós temos é que criámos um grupo bastante forte ao longo de várias épocas e mantivemos o grosso do plantel, o que é muito importante. É sinal de que estamos a criar verdadeiras famílias. E vai muito para além do futebol. Claro que depois há sempre uma ou outra renovação e a entrada de 5 ou 6 jogadores que foram importantes, porque vêm dar sangue novo e vêm dar outra motivação a quem cá está e criar novos conceitos e novas rotinas.


Na pré-época venceram pela segunda vez consecutiva o torneio Cosme da Cunha e Sousa. Essa conquista na pré-época foi importante para o início do campeonato?


Sim. O nosso plano, já na época passada e nesta, focou-se em jogar com novas equipas, criar novos laços de amizade com outras equipas de outros concelhos, de outras freguesias e isso nós conseguimos. Temos feito um pré-estágio com a duração de um fim de semana – o ano passado fomos à Póvoa do Varzim jogar com o Averomar FC e este ano fomos a Famalicão jogar com o Águas Santas, o que ajudou a fortalecer os laços de amizade entre nós.


Relativamente ao torneio, já o ano passado o tínhamos vencido, sendo que a organização fez questão de nos deslocarmos lá novamente. Também já surgiu o convite para o terceiro torneio, o que é bom sinal. É sinal de que nos valorizam. Não pelo facto de termos ganho, mas sim pelo convívio em si e isso é muito importante.


Nós tentamos fazer sempre uma pré-época que não entre na rotina normal de jogar com equipas do popular porque depois, por casualidade, pode acontecer jogarmos contra essas equipas. Quando se entra num jogo há sempre competição envolvida e, por vezes, uma pequena quezília pode ser transportada para o jogo a sério. Assim, eu, juntamente com a minha equipa, tentamos evitar que os jogos de pré-época sejam realizados contra equipas daqui do popular.


"O trabalho que está a ser feito provavelmente vai, no futuro, dar os frutos desejados em relação ao objetivo da manutenção" - Vítor Oliveira

Estamos no início da época, ainda tivemos poucos jogos, mas qual é o balanço que faz deste arranque de época?


Não é muito positivo, de facto. Em três jogos tivemos duas derrotas e um empate.

Apesar deste empate com o Grupo Desportivo da Idanha na Taça Associação, nós, direção e equipa técnica, decidimos que esta seria a taça para dar lugar a todos os jogadores do plantel, porque quem trabalha também merece jogar. Temos um plantel de 24 atletas e não é fácil gerir esse grupo.


Optámos, de facto, por dar mais minutos a alguns jogadores para que todos se sintam importantes também naquilo que diz respeito ao campeonato, pois este será muito difícil e o nosso objetivo é somente um: a manutenção. Temos de estar cientes de que, quem sobe, normalmente é candidato a descer e nós não queremos que isso aconteça, fazendo o nosso caminho.


É certo que os resultados não foram aquilo que ambicionávamos nos primeiros dois jogos, mas foram com duas boas equipas e o campeonato será assim. No entanto, o trabalho que está a ser feito provavelmente vai, no futuro, dar os frutos desejados em relação ao objetivo da manutenção.


O campeonato começou mais tarde que o normal. Acha que isso condicionou a equipa?


Saturou, um bocadinho. Saturou a pré-época, uma pré-época de quase dois meses e meio, o que não é normal. Normalmente uma pré-época tem a duração de seis/sete semanas e esta andou mais um mês para a frente. Houve um grande impasse no futebol popular, que esteve mesmo para acabar e inclusive tive de fazer parte da Direção da Associação de Futebol Popular.


Na 1.ª Divisão do Campeonato, o Guetim FC tem estado abaixo da linha de água, mas na Taça tem-se destacado, recentemente com uma goleada de 8-2 frente aos Magos de Anta.
Na 1.ª Divisão do Campeonato, o Guetim FC tem estado abaixo da linha de água, mas na Taça tem-se destacado, recentemente com uma goleada de 8-2 frente aos Magos de Anta.

O Vítor assumiu funções recentemente também na Associação do Futebol Popular. Pode-nos falar sobre este novo desafio e também sobre os problemas do futebol popular?


Eu dei recentemente uma entrevista a um jornal local, onde disse que estava na hora de as pessoas que criticam começarem a agir. É fácil criticar quem se dedica ao futebol popular, mas, na hora da verdade, ninguém aparece. E, de facto, tem sido uma luta tremenda. Para além do Guetim tenho a situação de jogar nos Veteranos do Espinho. É muito complicado e quem sofre com isto é a família.


Falando sobre o Complexo Desportivo: foi assinado recentemente o acordo com o Sporting de Espinho. Que implicações é que isto irá ter para o complexo desportivo e para o Guetim?


Estamos a conjugar para que as coisas sejam benéficas para todos. A nível do complexo, começar precisamente pelas obras de melhoramento do complexo, para ver se no início do próximo ano o Sporting de Espinho possa começar a jogar aqui com as condições devidas para a divisão em que está. Consequência disso, o Grupo Desportivo A Ronda também terá os seus benefícios e, tanto o Guetim como as equipas que nos visitam, terão melhores condições, o que é o mais importante.


"O Guetim FC, para mim, é uma causa e tudo o que seja para melhorar o desporto em Guetim, podem contar comigo a 100%" - Vítor Oliveira

Recentemente foi distinguido pela Junta de Freguesia pelo papel que tem desempenhado no desporto em Guetim. O que acha do desporto em Guetim? Qual o retrato que faz? O que acha que devia melhorar?


Acho que devia haver mais pessoas envolvidas, mais bairrismo. Numa freguesia tão pequena como a nossa não existe esse bairrismo, existe a crítica e a crítica não no sentido construtivo, mas a crítica no sentido destrutivo. As pessoas estão ligadas aos clubes, como é o meu caso e o caso do meu pai, que está aqui há 40 anos, e parece que está aqui por benefício próprio e nada disso é verdade. Perdemos aqui imenso tempo e tentamos sempre agregar-nos e estou agregado a várias pessoas, infelizmente, fora do concelho. Existem pessoas que me estão a ajudar a nível da direção e a nível de equipa técnica fora do concelho e fora de Guetim. Portanto, eu acho que devia haver esse bairrismo. Isto também acontece no Grupo Desportivo A Ronda, que eu sei. Acho que falta esta interligação, não só no desporto em si, mas no geral. Qualquer evento que se faça é-se alvo de críticas e isso entristece-me porque, apesar de não ter nascido em Guetim, sou guetinense. Eu vim para aqui com 6 anos, tenho 51, portanto já são 45 anos de Guetim. Entristece-me, de facto, esse tipo de abordagem, mas eu costumo dizer que no Guetim eu estou enquanto me sentir bem, o Guetim FC, para mim, é uma causa e tudo o que seja para melhorar o desporto em Guetim, podem contar comigo a 100%.


Quanto à situação da distinção, sem falsas modéstias, acho que já merecia. Fiquei muito contente que a Junta se tenha lembrado daquilo que eu tenho feito em prol do Guetim. Mais do que vaidade, foi o sentimento de que todo o esforço compensou. Tanto a nível de gestão do complexo, como ajudar no que for preciso. Foi muito gratificante sentir esse apreço e esse elogio.


Plantel do Guetim FC
Plantel do Guetim FC

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